FUTUROS AMORES

Um blog sobre amor, arte e acaso.

14 de jun. de 2009

Fragmentos de um discurso para o "Adeus"

Postado por Priscila |

D.,

Parece tão fácil à primeira vista seguir conselhos de alguém. Mas existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. E com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesma. Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece.

Só o acaso pode nos parecer uma mensagem. Aquilo que acontece por necessidade, aquilo que é esperado e se repete cotidianamente é coisa muda apenas. Somente o acaso tem voz. Tenta-se ler no acaso como as ciganas lêem no fundo de uma xícara os desenhos deixados pela borra de café.

As metáforas são uma coisa perigosa. Não se brinca com as metáforas. O amor pode nascer de uma simples metáfora.


Foi por "acaso" que se apaixonara por ele. A vida não repousa no "Es muss sein!", mas antes em "Es könnte auch anders sein": isso poderia muito bem ter acontecido de outra maneira...

Às vezes me parece que estou perdendo tempo, às vezes me parece que pelo contrário, não há modo mais perfeito, embora inquieto, de usar o tempo: o de te esperar.


Não vou querer fazer terapia, não vou descontar minha frustração em você, não vou tomar remédio para dormir. Não quero mais o presente. Não quero a mentira. E nem o sonho quero mais. Alguém espera por mim. Daqui, não alcanço esse sonho. Eu me vou.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como "as outras",
Ridículas.

Me reconheça ímpar. Impaciente. Só. Muito antes de louca.

P.
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Carta construída com fragmentos das obras "A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera, "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" de Clarice Lispector, "Tudo que eu queria te dizer" de Martha Medeiros e o poema de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa).

1 comentários:

Unknown disse...

Uau!
Ficou lindo, esse mix de autores deu mais do que certo!