FUTUROS AMORES

Um blog sobre amor, arte e acaso.

22 de jan. de 2011

O que é um clássico?

Postado por Priscila |

Bom, antes de falar dos meus clássicos favoritos, eu deveria definir o que é um clássico. Clássico, pra mim, é aquela obra que me atinge profundamente, me transformando, seja pela sua originalidade, seja pela sua beleza. Mas achei essa definição incompleta... Então, futucando na internet achei esse texto que ajuda a entender o que é um clássico. =D

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O que delimita um clássico?
Por Sergius Gonzaga
Extraído em: 21 de Janeiro de 2010
Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/literatura/temadomes/temadomes_classicos_2.htm

Esquematicamente poderíamos apontar alguns traços definidores do que hoje se considera um texto clássico:
1. São obras que ultrapassam o seu tempo, persistindo de alguma maneira na memória coletiva e sendo atualizada por sucessivas leituras, no transcurso da história.
2. Apresentam paixões humanas de maneira intensa, original e múltipla. São paixões universais (ou pelo menos "ocidentais") e têm um grau de maior ou menor flexibilidade em relação à historicidade concreta.

3. São obras que registram e simultaneamente inventam a complexidade de seu tempo. De maneira explícita ou implícita desvelam a historicidade concreta, as idéias e os sentimentos de uma época determinada. Há uma tendência geral: quanto mais explícita for a revelação histórica, menor o resultado estético. Na verdade, o espírito da época deve estar introjectada na experiência dos indivíduos.
4. São obras que criam formas de expressão inusitadas, originais e de grande repercussão na própria história literária. Há clássicos que interessam em especial (ou talvez unicamente) ao mundo literário, como, por exemplo, o Ulisses, de Joyce.
5. São obras de reconhecido valor histórico ou documental, mesmo não alcançando a universalidade inconteste. Nesta linha situam-se aquelas obra que são clássicas apenas na dimensão da história literária de um país, como por exemplo, a obra de José de Alencar, ou apenas de uma região, como por exemplo as obras de Cyro Martins ou Aureliano de Figueiredo Pinto.
6. Talvez a característica fundamental de uma obra clássica seja a sua inesgotabilidade. Ou como diz Calvino: "Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer".

7. Um clássico é fundamental também pelo efeito que deflagra na consciência do leitor. Sob esta ótica, devemos considerar que ele é, simultaneamente:
· Forma única de conhecimento – transmite paixões humanas oriundas de um patrimônio universal (que é a experiência do homem);

· Utilização da linguagem de uma maneira exemplar, original e inesperada;

· Um conjunto de revelações, idéias e sentimentos que têm a propriedade de durar na memória mais do que outras manifestações artísticas (música, cinema, etc.) Estas podem ter (e geralmente têm) um impacto maior na hora da fruição, mas seu prolongamento emotivo – a sua duração - é mais breve e inconsistente do que o proporcionado pela grande obra literária.
· Um não contra a morte. Por perdurar, a obra clássica ultrapassa o tempo e a finitude humana. De uma certa forma, é um protesto contra o sem sentido da vida.


Bibliografia:
Calvino, Italo. Por que ler os clássicos. São Paulo, Companhia das Letras, 1993.

1 comentários:

Rodrigo disse...

Ao ler essas discussões sobre os clássicos -- já publiquei umas duas vezes um artigo de Jacques Barzun a respeito -- sempre me lembro da minha experiência com Balzac, primeiro com "A Pele de Onagro" e depois com "Ilusões Perdidas". Não foram leituras, foram verdadeiras "experiências" -- assim como foram "Frankenstein", "Meditações", "Apologia de Sócrates" e tantos outros. Não é preciso ser um clássico para ter o mesmo efeito de epifania, mas é preciso reconhecer que eles são uma boa aposta para quem buscar uma experiência estética profunda.

Mudando não tão radicalmente de assunto, não estou achando o Milan Kundera...:-(

Um abraço,
R.