FUTUROS AMORES

Um blog sobre amor, arte e acaso.

26 de dez. de 2011

Eva, o problema não está na maçã...

Postado por Priscila |

-- O que é que tem, Adão? É só uma mordidinha...


Nesse domingo (25/12/2011) tive a oportunidade de assistir ao programa da Marília Gabriela na GNT. Ela entrevistou o psicanalista Moises Groisman que falava sobre o perdão... No mesmo instante, lembrei do meu post "Homens, vocês não são macacos" porque o psicanalista preencheu uma angústia conceitual e filosófica minha: O que é traição?

Olhar para a "bunda" de mulher que passa é traição?
Não manter contato físico, mas sair para tomar um café com alguém que você deseja é traição?
Usar a internet para "flertar" com outras pessoas é traição, mesmo que não chegue as vias de fato?

 Segundo o que captei da entrevista, traição é quando o acordo estabelecido entre o casal é quebrado "secretamente" por uma das partes, deixando o(a) companheiro(a) excluindo (a).


Nesse sentindo, existiriam vários tipos de traição: traição afetiva, sexual, financeira... E todas as situações hipotéticas acima podem, sim, serem consideradas traição.

Mas porque as pessoas, homens e mulheres, traem?

 O psicanalista colocou que a traição é um sintoma de que as coisas não estão bem na relação... E que a traição é composta de duas parcelas de culpa: 50% é daquele que trai e 50% é daquele que é traído. Não há pobres coitados numa relação.

Se um parceiro (ou parceira) deseja outro(a) é porque, provavelmente, o parceiro atual não é – aos olhos dele – digno de desejo. E cabe ao traído se perguntar: porque não consigo me fazer digno desse desejo? Nem sempre isso está relacionado à beleza física. A pessoa pode não ser bonita, mas pode jogar com o charme, com a roupa, com o jeito de andar, de se insinuar. Fazer-se interessante é importante numa relação.

Por outro lado, o fato do (a) parceiro (a) não deter as “qualidades desejadas” pelo(a) cônjuge não justifica, nem o (a) isenta, da sua parcela de culpa na traição. Buscar na "rua" o que não se tem em casa também é tolice. É retirar de si a responsabilidade pela melhoria do relacionamento. Dizer simplesmente: “ah, o erro é dele (ou dela)” não é suficiente. Você não deve fechar os olhos, mas batalhar para que se ache um ponto de equilíbrio satisfatório para as duas partes. Se isso não for possível, é mais digno sair da relação. E sair da relação por inteiro. Se está ruim, pare de reclamar e faça algo. A traição só mascara e agrava o problema inicial: a sua relação com o seu (ou sua) parceiro(a).

Somos seres “desejantes”. Desejamos o desejo de desejar o tempo todo. O problema é quando achamos que a felicidade está no ato de realizar desejos. E não é. A meu ver, a felicidade é um estado de espírito independente do que se tem ou se deixou de ter. A felicidade se manifesta na forma como vivenciamos cada momento e por isso não é eterna. Ela precisa ser renovada constantemente. Um relacionamento, por exemplo, é cheio de altos e baixos. O casal que consegue reconhecer isso e vivenciar de forma consciente essas fases tende a ser mais feliz porque trabalham juntos para manter firme o “contrato”.

Nesse sentido é importantíssima a busca pelo autoconhecimento. Por que o invés de estabelecer a traição, a pessoa não se pergunta primeiro: o que está se passando em mim para eu querer tal coisa?

Porque quero olhar todo homem/mulher que passa?
Porque quero conversar com fulano/fulana que me atrai, apesar de não pretender dormir com ela?
Porque quero passar horas na internet buscando, olhando e as vezes até flertando com perfis de homens/mulheres, se não ambiciono levar isso para o "mundo real"?
O que estou buscando???

Talvez a resposta seja mais simples do que a pessoa pensa, e uma vez resolvida a charada fica mais fácil solucionar a crise.


Talvez tudo o que você queira é que sua (ou seu) parceira(o) se vista melhor para você admirá-lo (la).
Talvez tudo o que você mais sonha é poder compartilhar ideias com sua parceira (ou seu parceiro).
Talvez tudo o que você mais queira é sair da rotina e sentir-se estimulado. Você só não sabe como.

Por que algumas pessoas preferem não pensar sobre suas escolhas e entregam-se ao “instinto” pura e simplesmente?
Porque isso oculta a nossa responsabilidade sobre os atos... Alguém culpa alguém de sentir fome e desejar comer? Alguém tem culpa por ter sono e desejar dormir? Não, porque é fisiológico. Mas alguém que é diabético, tem fome e escolhe comer doce, é responsável, sim, pelo mal estar que o seu ato gera. A responsabilidade não é da diabetes. A responsabilidade é de quem escolheu o que comer.

E como sobreviver a uma traição? Bem, isso é uma outra questão que dá pano pra manga e que eu prefiro deixar para um próximo post. Ainda estou digerindo essa primeira parte... Loading...

P.S.: caso as coisas estejam muito difíceis na relação, ao invés de trair procure um terapeuta...

0 comentários: