FUTUROS AMORES

Um blog sobre amor, arte e acaso.

10 de abr. de 2009

Meet me in Montauk

Postado por Priscila |

Quantas vezes assisti ao filme "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças"? Não sei. Perdi a conta! Apesar de já conhecer as falas de cor, a cada nova exibição percebo algum detalhe que até então passou desapercebido.

Uma das últimas coisas que descobri foi que "Clementine" é, de fato, uma espécie de "tangerina"(1).

Além disso, fiquei dias pensando: se Clementine e Joel realmente apagaram a memória que um tinha do outro, como poderiam ter se reencontrado em Montauk? Como não foi possível apagar as ligações afetivas?

Com a ajuda do filósofo Henri Bergson e o seu Livro "Matéria e Memória" (2) , cheguei a algumas respostas:

1 - Temos a tendência a acreditar que nossas ligações afetivas são construções da memória. Ou seja, gostamos de alguém pela "história" que contruímos com ela.

2 - Para Bergson, uma memória jamais é deletada. Na verdade,para ele, quando há a perda de memória, o que se perdeu é a capacidade do cérebro de acessá-la. Mas suponhamos que seja possível realmente apagar a memória. Por que Joel e Clementine se reencontraram em Montauk? Porque mesmo apagando uma lembrança, a simples experiência de ter uma pessoa especial em nossas vidas nos transforma. E essa transformação marca a presença dela em nós para sempre. Nossas escolhas, nossos hábitos, nossos gostos receberam a dose das cores trazidas por esses "encontros".

Termino essa breve reflexão com um trecho do livro do Bergson:

"Nosso caráter, sempre presente em todas as nossas decisões, é exatamente a síntese atual de todos os nossos estados passados".

Portanto, mesmo sem a memória um do outro, Joel e Clementine, estariam presentes um na vida do outro, através do caráter.

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(1) Ver http://en.wikipedia.org/wiki/Clementines
(2) BERGSON, Henri, Matéria e Memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito - 3ª edição, São Paulo, Martins Fontes, 2006.

1 comentários:

Inez disse...

O nosso inconsciente guarda tudo o que nos acontece, mesmo tendo uma perda de memória o passado está no inconsciente.